quarta-feira, 12 de junho de 2013

Desabafo

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma idosa:
- A senhora devia trazer suas próprias sacolas para as compras, os sacos plásticos não são amigáveis ao meio ambiente.
 A senhora pediu desculpas e acrescentou:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.
 O empregado respondeu:
- E esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupava com nosso meio ambiente.
 - Você está certo - ela assumiu - ninguém pensava nisso. Naquela época, as garrafas de leite, de refrigerante e de cerveja vazias eram levadas à loja, que as devolviam à fábrica. Lá, eram lavadas e esterilizadas antes de cada novo uso.
"Realmente não nos preocupávamos com o meio ambiente no nosso tempo... Subíamos a outros andares em prédios de lojas e escritórios porque não havia escadas rolantes. Caminhávamos bastante ao invés de usar nosso carro de 300 cavalos de potência quando precisamos ir a dois quarteirões.

 É, você está certo. Não tínhamos consciência do meio ambiente. Lavávamos as fraldas dos bebês porque não havia fraldas descartáveis, a secagem de roupas era feita ao sol e ao vento, não nessas modernas máquinas bamboleantes e pouco econômicas de 220 volts. As crianças usavam as roupas que foram de seus irmãos mais velhos, e não modelitos novos, de grife. Só tínhamos um rádio em casa e não uma TV em cada cômodo. E esta, quando surgiu, tinha uma tela tipo lenço, não um telão tamanho lençol king.
 Na cozinha, tínhamos que fazer tudo à mão, porque não haviam essas máquinas elétricas que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo e não plástico-bolha ou pellets de plástico, que duram cinco séculos para se degradar.
 Naquele tempo não havia motor a gasolina para se cortar a grama e sim um "cortador" cheio de músculos. O exercício era extraordinário, e ele não precisava ir à academia fazer esteira que, por sinal, só funciona a eletricidade.
Mas você tem razão, não havia preocupação com o meio ambiente. Bebíamos água diretamente da fonte, ao invés de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Recarregávamos as canetas inúmeras vezes com tinta ao invés de comprar outra a toda hora. Não abandonávamos as navalhas e giletes só porque perdiam o corte, enquanto hoje só temos aparelhos descartáveis e poluentes porque não há peças substitutas para os que ficaram gastos e nem se sabe o que fazer com os descartados.
Na verdade, naquela época tivemos uma onda verde. As pessoas tomavam bondes ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, em vez de as mães darem serviço horas e horas, verdadeiras motoristas de táxi.
Tínhamos só uma tomada em cada quarto, não vários quadros de tomadas para carregar uma dúzia de aparelhos. E não precisávamos de um GPS recebendo sinais de satélite a anos-luz no espaço só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é hilário que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não queira abrir mão de nada e nem pense em viver um pouco como na minha época?"