quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Matar-nos, vamos

Como qualquer tarde comum, a lâmina chamava. Gritava e tentava seduzir. Será que vai doer muito? Será que doerá mais do que a ferida que era contida em seu peito? Medo. Muito medo de achar bom o suficiente e não conseguir parar. Não, não era medo de se machucar. O machucado já estava aberto tempo o suficiente para acostumar-se com qualquer tipo de dor. 

"As coisas erradas são tão sedutoras..."


Pessoas. Malditas pessoas; se aceitem! Aceitem sua própria espécie. Autodestruição é o que acontece quando uns se voltam contra os outros. A vergonha aparece e a raiva também. Um indivíduo nunca seria o que é sem um segundo envolvido. Por mais insignificante que seja, sempre deixam seus restos em cada vida que visitaram. Cobras mudam de pele e nós todos somos cobras. Mudamos pelos outros, por causa dos outros. Mudamos pela moda e pela tendência. Talvez por causa do sofrimento e pelo amadurecimento, pelos amigos e por causa dos inimigos também. O engraçado é que nossa pele sempre muda e que o motivo nunca é "eu" e, sim, "o outro". Todos temos venenos. Alguns usam quando necessário, outros quando bem entendem. A dor irá embora quando eu trocar de pele, como uma cobra, ou com o sangue que está escorrendo pelo ralo do box? Dor, some e me deixa em paz de uma vez por todas. O prazer que sentes enquanto me consome... Posso sentir.
                     É assim que funciona.
Ser estúpido tem consequências. E nós, humanos, somos estúpidos. A consequência selada para nós é o sofrimento. Sofrimento, sofrimento. Sofrimento para a nossa vida mesquinha... Fadados a sonhar com os pés longe do solo e a sofrer como se estivessemos abaixo dele. O Anjo Caído está emergindo pouco a pouco e mostrando que conseguimos fazer um lugar especial semelhante ao inferno na terra. Nos matamos tão aos poucos que sequer nos damos o trabalho de mudar, deixamos para o próximo.
           Vamos nos matar.